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PERSONAGEM - PATATIVA DO ASSARÉ


PATATIVA DO ASSARÉ (1909-2002)
“Para ser poeta não é preciso ser professor: basta, no mês de maio, recolher um poema em cada flor brotada nas árvores do seu sertão”. Essa receita prosaica de como se fazer poesia é de Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, grande poeta brasileiro nascido em 1909, no sul do Ceará, em uma pequena propriedade rural no município de Assaré.
Como todo bom sertanejo, começou a trabalhar duro na enxada ainda menino, mesmo tendo perdido um olho aos quatro anos. Cresceu entre histórias, sons de viola e folhetos de cordel; dizia que no sertão enfrentava a fome, a dor e a miséria, e que para “ser poeta de vera é preciso ter sofrimento”. O universo de suas poesias e de suas cantigas de improviso tem com o ponto de partida o caboclo e sua difícil relação com o sertão nordestino, mas nem por isso deixava de cantar e escrever as belezas da Caatinga, sua “terra querida”. Dizia que não tinha tendência política, apenas era “revoltado” com as injustiças sociais no sistema político, que considerava “fora do programa da verdadeira democracia”.
Seus livros foram publicados ocasionalmente por pesquisadores e músicos amigos e também em parceria com pequenas editoras. Entre os títulos, estão Inspiração Nordestina, de 1956; Cantos de Patativa, de 1966; e Cante Lá que Eu Canto Cá, de 1978, que inclui uma pequena autobiografia do autor. Patativa também teve inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais. O grupo pernambucano da nova geração “Cordel do Fogo encantado” bebe na fonte do poeta para compor suas letras e Luiz Gonzaga gravou muitas músicas suas, entre elas a que lançou Patativa comercialmente: A triste partida.
Desde os 91 anos de idade, com a saúde abalada, Patativa dizia que não escrevia mais porque, ao longo de sua vida, já havia dito tudo que tinha para dizer. Faleceu em 2002 na cidade que lhe emprestava o nome.

“Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome, pergunto: que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará”
(Patativa do Assaré)

Fonte: Almanaque Brasil Socioambiental (2008)

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