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PERSONAGEM – JORGE AMADO (1912-2001)


PERSONAGEM – JORGE AMADO (1912-2001)
Um dos escritores brasileiros mais conhecidos no Brasil e no exterior, Jorge Amado teve a costa brasileira – sobretudo na Bahia – como parte importante de sua obra. A chamada Costa do Cacau, no litoral baiano, ganhou personagens pitorescos com sua literatura. Mistura de ficção e realidade, esses habitantes encantam a terra dos orixás, de Gabrielas, do cacau, das praias quase virgens, de uma bela aurora abençoada pelas águas do litoral.
O mar de iemanjá, o cacau e as belezas do litoral, no entanto, são apenas partes de sua trajetória militante e diversificada. De Itabuna, cidade natal, foi para ilhéus, onde passou sua infância. Fez seus estudos secundários em Salvador e, em 1931, ingressou na Faculdade de Direito do rio de Janeiro. Militante comunista, exilou-se na Argentina e no Uruguai entre 1941 e 1942. Em 1945, foi eleito o deputado federal mais votado do estado de São Paulo e é autor da lei, em vigor ainda hoje, que assegura o direito à liberdade de culto religioso. Também ganhou prêmios; foi membro da Academia Brasileira de letras e da Academia de letras da Bahia; estreou sua obra no cinema com o campeão de bilheteria Dona Flor e seus Dois maridos, dirigido por Bruno Barreto. Em 1987, é inaugurada a Fundação Casa de Jorge Amado, cujo símbolo é um exu desenhado pelo artista Carybé.
"Agora eu quero contaras histórias da beira do cais da Bahia. (...) eu as ouvi nas noites de lua no cais do mercado, nas feiras, nos pequenos portos do recôncavo (...). O povo de iemanjá tem muito que contar". É assim que Jorge Amado começa mar morto (1936), a história de guma, criança criada no cais da Bahia, e de seu amor por Lívia, que, depois da morte do amado, torna-se ela mesma mestra de saveiro. Foi dos devaneios marinhos deste livro que Dorival Caymmi pescou palavras para compor a canção É doce morrer no mar.
Dentre seus romances mais marcantes, Tieta do Agreste, publicado em 1977 (década do avanço da indústria petroquímica na Bahia), recria a vida cotidiana em uma pequena cidade do litoral norte, próxima à região de mangue Seco. A paz, a vegetação, as dunas e as praias da pequena cidade se transformam em alvo de uma empresa poluidora, a Brastânio. É nesse horizonte que se movem os personagens, sobretudo Tieta – a pastora de cabras que fizera fortuna em São Paulo gerenciando moças para políticos e empresários, e que agora retorna à Bahia, buscando um paraíso que vê se perder.
Jorge Amado, quase cego e privado do que mais gostava (de escrever, ler um bom livro e de um bom prato) falece em 2001, deixando para a literatura brasileira essas e outras histórias como Cacau (1933), Capitães da Areia (1937), Gabriela Cravo e Canela (1958), Tocaia grande (1984), Teresa Batista Cansada de guerra (1972).
Fonte: Almanaque Brasil Socioambiental (2008)

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